24/03/2009

Quarto Vazio

Chego ao meu quarto e olho de roda. Está cheio de memórias e essas memórias contam histórias. A própria desorganização da disposição de cada objecto, de cada retrato, de cada livro, de cada página; de cada camisola fora do lugar, de cada vinco na camisola; de cada cor...mostra que há vida.
Então porque é que me sinto tão vazia, tão cinzenta, porque é que nenhum dos objectos faz parte daquilo que eu sou?
Acabo por não sentir nada, contudo sinto-me só.
Não me sinto plena.
Quero correr até me doerem as pernas, gritar até se me queixarem os pulmões, chorar até me arderem os olhos. Quero fugir daquilo que não me persegue, mas sim daquilo que faz parte de mim, como fugir da minha própria sombra.
E afundo-me...vácuo!
E fico presa no ar que me rodeia, na luz que me ilumina, no caderno em que escrevo, naquilo que guardo, naquilo que julgo precisar.
E manuseio a caneta nos dedos e submeto-a à minha vontade e a caneta deixa fugir a tinta que permite que o caderno saiba aquilo que sinto sem sentir, aquilo que penso sem querer pensar.

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