21/12/2009

Chove Lá Fora

Definho em agonia presa num mundo cinzento, monótono, igual e a sua quietude e ausência de emoções tortura-me lentamente até à exaustão.
E chove lá fora.
Estou cansada de esperar por um abraço de nada senão cinzas daquilo que um dia foi algo, que o vento acabou por levar.
E chove lá fora.
Presa entre quatro paredes por minha própria vontade, com medo de sair pela porta e que me decepem o primeiro membro que vislumbrarem.
Não tenho medo do escuro. Como poderia ter medo de algo com o qual estou familiarizada? Com o qual aprendi a viver e aceitei como sendo parte de mim, uma parte crescente, maior a cada batimento cardíaco.
Tenho sim, medo do dia, que trás a luz que me atormenta e me impede de me sentir confortável com a minha existência, retira-me do meu canto de sombra que tanto me asila.
E chove lá fora.
E enquanto chove lá fora, tudo seca cá dentro, ficando tão desidratado que seria esmagado com apenas um pequeno esfregão nas minhas entranhas, coisa que é facilmente feita a partir do exterior, eu encarrego-me de me auto-destruir interiormente.
E continua a chover lá fora. Quer eu queira, quer não.
Assim como seca cá dentro. Quer os outros queiram, quer não.

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