27/09/2010

Garrafa de Rum

Cada palavra dirigida omite aquilo que penso. Queria poder embalar os meus sentimentos numa garrafa e enviá-los para se perderem no vasto oceano. Que bem que ficava, o meu coração arrancado directamente do meu peito dentro duma garrafa de Rum, que por si, boiava no mar. Seria poético chamar-lhe afogar as mágoas.
Mentiria se dissesse que não caio na vastidão do obscuro cada vez que o silêncio irrompe os raros diálogos. Porque caio. Mas minto porque nada digo.
Sabes o que é viver no vácuo? É morrer.
Não há ar, aliás, sinto-me como se não houvesse. Torna-se difícil de respirar quando um enorme bocado de saliva, que engoli para ficar calada, ficou preso na minha garganta e não desce, nem sobe.
Então cego-me da tua existência e parto em busca do vago, porque se fingir que não existes é mais fácil imaginar que se não fosse pela existência do Atlântico mesmo assim me eras impossível. A impossibilidade reconforta-me e faz o sangue correr-me nas veias, novamente a um ritmo regular.
Badum Badum Badum.
Sou eu outra vez, espero.
Diz-me se achares a garrafa de Rum e envia-me o meu coração de volta.

1 comentário:

Anónimo disse...

awsome :3