Adoro quando oiço a chuva a cair do lado de fora da janela, porque respiro entre gotas e parece que mais ar me entra nos pulmões. Sinto-me segura, quente e abrigada, do lado de dentro do vidro.
Mas nem tudo é transparente e lúcido como a água, pois a chuva também me trás a solidão ao pensamento, turva-o com uma nuvem negra e carregada de um fardo pesado de dor. Dor que não é arrastada pelo vento da tempestade, pelo contrário, dor que perdura e se mantém bem agarrada à minha memória e desfigura tudo de bom que nela se mantém. Qualquer silhueta passa rapidamente a Mostrengo, qualquer doce prazer se transforma numa amarga agonia.
Grito, até se me rebentarem as cordas vocais, atrofiando-me a traqueia.
E de repente dou por mim a não gostar tanto da chuva, esta que me cai dos olhos através da minha face. Chuva que quando cessa nem sempre representa a bonança, apenas o silêncio antes de uma nova tempestade.
3 comentários:
Belissimo
G*
blog lindo. parabéns (:
ººº
Gostei...
Voltarei ...!
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